COLETÂNEA
Temos aqui uma COLEÇÃO DE TEXTOS DO PROF. MÁRIO SERGIO
CORTELLA para nossa reflexão e ação pedagógica
.
1. EDUCAÇÃO X ESCOLARIZAÇÃO – MÁRIO
SERGIO CORTELLA
Educar é muito mais que escolarizar, porque segundo o
dicionário de língua portuguesa, educação signifca instrução e cortesia e não
necessariamente escolarizar como se tem pensado, daí que no quotidiano é
frequente ouvir a seguinte frase: “xiii…, fulano nem parece que estudou porque
tem atitudes de uma pessoa grunha, guindza e baixa (inculta) ”. O que acontece
é que a instrução e a cortesia no meu entender são apriores a escolarização, e
como tal elas é que preparam as pessoas para oporvir.
A educação ocorre nas mais diversas instituições porque a
escola não é o lugar soberano onde ensina-se ao homem a viver em sociedade, uma
vez que a educação em termos gerais visa inserir o homem em sociedade, fazê-lo
útil e reconhecido por ela. Os ritos de iniciação, as escolas de futebol, os
clubes desportivos e outras instituições de socialização têm a tarefa de
educar.
2. RESENHA: EDUCAÇÃO, ESCOLA E DOCÊNCIA DE MARIO
SERGIO CORTELLA
Mario Sergio Cortella, o filósofo e escritor
muito querido por muitos profissionais da Educação. Educação, Escola e Docência - Novos
tempos, novas atitudes é um
livro bem interessante para nos situarmos no que deve ser a escola do século
XXI, esta na qual estamos trabalhando. Boa leitura!
Educação, Escola e
Docência - Novos Tempos, Novas Atitudes é bem recente. A edição é de 2014
então traz pensamentos e colocações bem atuais. Com uma linguagem bem leve,
simples e muito acessível é possível deslanchar na leitura refletindo bastante.
O livro é dividido em treze capítulos além da Introdução e Conclusão.
Cortella não faz deste livro um artigo acadêmico, uma tese
de mestrado ou qualquer outro texto de divulgação científica. É leve. Como se
em uma aula faz comparações com situações do cotidiano, simula diálogos e entre
outras coisas que chama o leitor para perto.
No início do livro o autor coloca situações problemas que a
escola vive hoje: os diversos momentos graves, os conflitos das gerações, as
"queixas pedagógicas" dos professores e mais alguns desafios
pertinentes que assolam a carreira docente atual. Os momentos graves, Cortella
sugere que sejam vistos como momentos grávidos, ou seja, apesar da gravidade a
situação pode ser útil para o avanço, para o progresso. Momentos grávidos
servem para aprendermos.
Gosto muito dos trechos em que o filósofo traz os conceitos
de Paciência histórica, Paciência pedagógica e
Paciência afetiva que segundo o próprio, eram conceitos bastantes
insistidos pelo seu orientador Paulo Freire. Paciência histórica é uma
habilidade de "saber ver o momento em que as coisas acontecem e observar
se estão suficientemente maduras para serem mexidas",e por sua vez,
paciência pedagógica "significa que a capacidade de observar que as
pessoas tem processos distintos de aprendizagem e de ensino, que os alunos, os
colegas de profissão vivem momentos diferentes". Paciência afetiva "é
a capacidade de amorosidade que precisa o tempo todo cobrir qualquer ato
pedagógico, de maneira que não se incorra na agressividade ou na ruptura do
padrão de autonomia e liberdade que alguém carrega. Paciência afetiva é olhar a
outra pessoa como outra pessoa e não como alguém estranho".
Apesar de parecer meio clichê e cansar, talvez, os ouvidos de
alguns profissionais da educação, estas palavras ainda devem ser ditas pois
realmente é muito necessário que os educadores da atualidade tenham estas
"paciências" em mente durante o trabalho.
Cortella também faz uma figuração interessante dos
professores. Ele mostra a figura do Professor Arrogante: aquele
profissional que se coloca seguro demais, já sabe de tudo, conhece os melhores
métodos, resistente à intervenções e formações no seu trabalho e que o que dá
de errado em suas aulas são os alunos de agora porque os de antigamente não
eram desta forma. Criando este arquétipo (muito presente em diversas escolas,
devo confessar!), o escritor explica também a importância da Humildade
pedagógica, ou seja, se entendemos que Educação é uma ciência humana e que
lida com conhecimento e o conhecimento histórico-social está sempre propício a
mudar, nós enquanto professores devemos saber que nossa formação nunca estará
completa. Não vamos desperdiçar o que aprendemos, mas vamos agregar novos
conhecimentos para aperfeiçoar nossa prática e melhor atender às demandas que
temos agora.
Ao longo dos
capítulos, várias questões evidentes de nossa sociedade são colocadas em jogo e
relacionadas ao cotidiano escolar. Dos conflitos das gerações ao modelo de
família e convivência social de hoje, Cortella vem fazendo-nos entender que a
Educação não está perdida mas pede um arranjo maior de habilidades do
professor. No entanto, a responsabilidade não é toda por conta dos docentes. A
parceria entre família e escola é imprescindível. No capítulo 12, "Valores
ensinados e a turma do Bem", o autor destaca muito bem a importância e
relevância desta parceria.
E para encerrar,
Mario Sergio conclui muito bem seu livro com algumas questões do tipo: hoje
somos o presente construindo o passado do futuro. E qual passado estamos
construindo para daqui a algumas décadas? Com uma mensagem positiva, encerra a
obra fazendo-nos pensar bastante sobre nossa profissão. E realmente, qual tipo
de referência seremos daqui a vinte anos?
3.
COMO CONSTRUIR UMA CONVIVÊNCIA MAIS ÉTICA EM NOSSO DIA A
DIA?
O filósofo e
educador Mario Sergio Cortella lança o livro: Educação,
Convivência e Ética – audácia e esperança! (Cortez Editora).
Em
entrevista, Cortella aborda e cita exemplos do cotidiano para refletir sobre a
ética e o seu importante papel na construção do nosso futuro. Suas reflexões,
destinadas especialmente para pais, docentes e educadores, são carregadas de
esperança e recusam o pessimismo: apontam para a necessidade de todos os
setores da sociedade se comprometerem em construir uma vida coletiva melhor
para todos.
Qual
o papel da ética para a construção de uma sociedade mais justa?
Uma sociedade justa é
aquela que é decente, isto é, aquela que não envergonha em quem nela vive,
aquela em que não haja a prática do que apodrece a nossa convivência, aquela em
que haja valores que elevem a nossa condição. Portanto, o papel da ética é,
acima de tudo, proteger a nossa vitalidade: não só a da nossa vida humana, mas
também a de todas as vidas relacionadas à nossa. Cuidar da ética é, enfim,
cuidar de nossa própria vida.
Tendo em vista os novos tempos,
para trabalhar a ética a escola precisa se reinventar?
Todos nós
temos que nos reinventar o tempo todo, e a escola não pode se ausentar dessa
tarefa. Nós lidamos na escola com vidas; e é importante entender que vida é
processo, e processo é mudança. Um professor e uma professora que não se
reinventam no cotidiano, podem não ter percebido o que a escola impõe como uma
de suas exigências, que é a atualização: a escola não pode ficar anacrônica.
Ela precisa estar atenta às questões contemporâneas e trazer do passado para a
atualidade situações positivas que ainda sejam relevantes, deixando para trás
aquilo que se tornou irrelevante.
Por isso, para que a escola trate do tema, é preciso compreender que a ética,
sobretudo na Educação Básica, não é apenas uma disciplina. Pelo contrário, ela
tem que ser uma presença constante em qualquer um dos componentes curriculares,
e tem que fazer parte do projeto pedagógico da escola. É necessário que nos
amparemos numa reflexão sobre ética, para que não nos descuidemos dela. Nessa
hora, é preciso que a escola relembre que tal qual existe o “menor aprendiz”,
nós, professores e professoras, somos os “maiores aprendizes”: continuamos a
nossa vida toda, mesmo com mais idade, aprendendo a fazer o que tem que ser
aprendido.
Compilação:
Prof. Paulo David Oliveira Silva.
Abraços
Pedagógicos
Prof.
Paulo David Oliveira Silva
COORDENAÇÃO
PEDAGÓGICA EJA - PROJETOS
E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
Caxias,
08 de abril de 2017.