SINOPSE TONICO E
CARNIÇA
Tonico, um garoto de 13 anos (quase
14), pertence a uma família pobre do subúrbio ferroviário do Rio de Janeiro.
Ele acabou de perder o pai, o que o fez do dia pra noite o homem da casa, mas
tempos difíceis despontam no horizonte. Sua vida muda de uma hora para outra e
o garoto, cujas únicas preocupações eram estudar e brincar, é cobrado a se
tornar um pequeno trabalhador.
O tio tenta reorganizar a vida da
família da irmã dentro das suas possibilidades parcas e, na impossibilidade
dele mesmo ajuda-los financeiramente, vê como única saída que o sobrinho mais
velho passe para a escola noturna e comece a trabalhar para ajudar a mãe e a
avó no sustento da casa.
Incialmente, Tonico se sente eufórico
diante dessa nova realidade de trabalhar, ganhar seu próprio dinheiro e ajudar
a família de cinco pessoas (ele, duas irmãs, mãe e avó), contudo, trabalhar na
loja do seu Duda ou na farmácia do Seu Fonseca não estavam no seu ideário.
Tonico, que ainda se equilibrava sobre o fino fio que separa a infância
despreocupada da maturidade cheia de responsabilidades, desejava trabalhar e
ser útil a casa, mas não estava disposto a sacrificar sua liberdade e por isso
não sabia como lidar com toda aquela situação. Ora desejava sua vida de volta,
ora sentia que necessitava ajudar a família, necessitava vestir as calças do
“homem da casa” assim como lhe falara o tio. Mas, por outro lado, também
queria ser independente, queria ser livre. É na cadência desses sentimentos que
o garoto enxerga na vida de Carniça, outro pequeno trabalhador, a possibilidade
de conquistar seus sonhos.
Carniça é um garoto negro que desde os
seis anos ganha a vida trabalhando vendendo jornais de trem em trem e
engraxando sapatos na Zona Sul do Rio de Janeiro. Vivia pelas ruas, dormia no deposito
de jornais, comia em pensões e quando queria voltava para casa onde morava com
a mãe e dividia com ela o dinheiro que conseguia. Apesar de tudo, Carniça era
livre, algumas vezes conseguia reunir em um único dia 30 cruzeiros, fazia o que
queria e “não tinham hora para nada. A vida, boa ou má, já lhes pertencia”.
A mãe de Tonico detestava o garoto, mas Tonico o idolatrava como um modelo e
esse modelo de vida tão novo, tão excitante, tão aventureiro e livre seduz o
menino que passa a planejar sua fuga de casa para trabalhar pelas ruas como o
amigo de futebol.
Tonico é um livro que
nos leva à realidade das famílias pobres do nosso país que diante da
necessidade são obrigadas a colocar suas crianças para trabalharem expondo-as a
todo tipo de risco. Os trabalhos que o tio de Tonico arruma para ele são leves,
o garoto poderia ser considerado apenas como um aprendiz, no entanto os mesmos
obrigavam o garoto a estudar a noite e ter uma rotina exaustiva. No outro lado,
a vida de Carniça é ainda mais perigosa e insalubre. Além de não estudar seu
trabalho é altamente degradante no sentido em que está exposto a todo tipo de
violência e doenças.
Carniça é o modelo perfeito da criança
pobre que vive em situação de rua, ou seja, trabalha nas ruas para
adquirir seu sustento, contudo ainda mantem laços com a família. Mas
a liberdade que esta vida proporciona a quem a vive é o que atrai Tonico, que
sem nenhum conhecimento prático sobre tudo a que ele estará exposto, não sabe o
quanto difícil e perigoso é aventurar-se na vida de um pequeno trabalhador das
ruas.
Convido-os a descobrir os desafios
enfrentados por Tonico que confrontar-se com sua família para ir em busca de
seus sonhos de liberdade. O livro possui uma leitura fluída e rápida, de uma
narrativa onde o psicológico de cada personagem é muito bem costurado. Um livro
sensível cujo personagem principal vive o conflitante desafio de crescer.
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